domingo, 22 de janeiro de 2012

Kung Hei Fat Chói! Lai Si Tau Lói!




"Ainda pela cidade andam no ar as músicas de Natal, e já as melodias tradicionais chinesas anunciam a chegada do Ano Novo Lunar.
Nos arcos festivos, nas fachadas dos prédios e hotéis faz-se a troca de Pais-Natal por deuses de boa sorte, Meninos Jesus por meninos e meninas de garridas cores e luzidias tranças com as mãos sobrepostas em sinal de agradecimento, estrelas por sapecas douradas, velas por carpas, carneirinhos por coelhinhos, palmeiras por frutas das mais variadas, fitas por panchões a fingir. E milhares de coloridas lâmpadas alternando com autênticas cortinas de prata, descendo dos prédios em fios de pequeninas luzinhas.
Mais uma vez chega a festa da renovação, que aqui marca o fim do Inverno e o início da Primavera. Por isso esta festividade também é conhecida como o Festival da Primavera e daí as flores serem tão importantes. Pelas ruas começam a surgir tendinhas vendendo hastes e ramos floridos de pessegueiro, camélias, bolbos de narcisos, crisântemos amarelos, brancos e vermelhos. E também laranjeiras e tangerineiras em miniatura.
O, por vezes ensurdecedor, rebentar constante de panchões que deixam as ruas atapetadas de vermelho - da cor da alegria, da felicidade, da festa. A cor com que se afugentam o espíritos e se vestem as noivas.
É o Kung Hei Fat Chói, para a direita e para a esquerda, numa azáfama de sorrisos, compras, renovações totais, e cara lavada em tudo quanto é casa, estabelecimento ou espaço comum. Nada de velho para o que é novo. Aí vem o novo ano. Há que recebê-lo limpo, renovado, honrando homens e deuses. Não se pode andar devagar - o mês que dura a quadra parece pequeno para tanto que tem de ser feito, preparativos que têm de ser cumpridos à risca (...)".
 Fernando Sales Lopes. Terra de Lebab. Instituto Português do Oriente, 2008

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