Legenda: "Lota do Patane. Séc. XX, anos 70".
Fotografia de Lei Chiu Vang.
Colecção: "Memória Colectiva dos Residentes de Macau - Imagens Antigas de Macau"
rio do Oeste, em cujas águas pardas
lavo o olhar errante, faço dos dias barcos
e das noites com luzes, nas Cem Ilhas
lugar-comum do meu pranto.
Fernanda Dias. chá verde. Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, 2002
"É quanto Portugal tem em Macau."
Bocage
Naquele ano fatal da Grande Perdição
Que deflagrou, no mundo, un nouvel âge,
Chegou aqui, surgido de Cantão,
Pra onde o arrebatara o furor de um tufão,
O poeta Bocage.
Achou a terra decadente e estranha
E a gente ora mendiga ora devassa.
E enquanto, num soneto, a satiriza, entoa
Meigas estrofes à "magnânima Saldanha"
(Marília, ao celebrar-lhe a formosura e a graça)
E um hino de lisonjas à "preclara Hulhosa"
Quase um ano inteiro (quase uma vida inteira!)
Por Macau bocejou e vagueou à toa.
Mas, por mercê de Lázaro Ferreira,
Um dia, enfim, pôde enrolar a esteira
E voltar a Lisboa.
A cidade, porém, não lhe esqueceu o vulto
(Esqueceu o soneto que é justo, sem ser mau):
Hoje, uma rua, rende-lhe culto.
- É quanto o poeta tem em Macau.
António Manuel Couto Viana. "Bocage", No Oriente do Oriente. in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. ICM, 1996
"Estava na forja a construção doutro edifício considerado imponente: o dos Correios e Telégrafos no Largo do Senado, considerado na altura majestoso e pleno de modernidade. Ninguém apontou, então, que o seu perfil pesado, sem estilo arquitectónico definido, iria contrastar com a fachada do Leal Senado, nem com outros edifícios do largo, todos cheios de arcadas e varandas, duma airosidade que só agora se reconhece".
Henrique de Senna Fernandes. "O Cinema em Macau - II. 1930-31. A Emoção do Sonoro. in RC - Revista de Cultura, nº 18, II Série, Janeiro / Março 1994